Meu ogro favorito - Uma história sobre amizade e compreensão

Quando eu era criança, sempre tive medo de ogros. Afinal, todas as histórias que eu ouvia sobre eles eram sobre criaturas assustadoras e violentas que os humanos deviam evitar a todo custo. Mas tudo isso mudou quando eu conheci meu ogro favorito - um ser desajeitado e gentil que me ensinou muito sobre aceitação e preconceito.

Era uma tarde ensolarada de verão quando eu decidi explorar a floresta próxima à minha casa. Eu estava curioso para ver se existiam criaturas mágicas e fantásticas escondidas entre as árvores. E foi lá, em um pequeno lago cercado por pedras e arbustos, que eu o vi pela primeira vez.

Ele era grande e peludo, com olhos salientes e uma expressão um tanto quanto confusa. Eu imediatamente soube que era um ogro - afinal, ele não tinha nada em comum com as criaturas bonitas e elegantes que via em filmes e desenhos animados. Eu engoli em seco e me preparei para correr, mas algo em seu rosto me deteve.

Feliz em vê-lo, disse o ogro com uma voz que mais parecia um grunhido. Você não tem medo?

Eu balancei a cabeça, tentando parecer corajoso. Não, é claro que não. Eu só estava admirando a paisagem.

O ogro pareceu surpreso e, por um momento, ficamos em silêncio. Eu não sabia o que dizer ou fazer, e ele parecia tão perdido quanto eu. Mas então, ele se aproximou de mim, seus passos pesados afundando na grama.

Eu sei o que você está pensando, ele grunhiu novamente. Você está pensando que eu sou uma criatura feia e má. Mas não é verdade. Eu sou apenas um ogro.

Eu ainda estava hesitante, mas algo em sua voz me fez sentir mais seguro. Eu decidi dar-lhe uma chance e conversamos durante horas na beira do lago. Ele me contou sobre sua vida solitária na floresta, suas dificuldades para se comunicar com outras criaturas e sua paixão por flores bonitas. Eu, por sua vez, falei sobre a minha família, meus amigos e minhas aventuras favoritas.

Foi uma das tardes mais especiais da minha vida e, à medida que o sol se punha, eu sabia que havia encontrado um amigo verdadeiro. Eu e o ogro nos despedimos com um abraço desajeitado e combinamos de nos encontrar novamente naquele mesmo lago na próxima semana.

Quando cheguei em casa, minha mãe ficou chocada ao me ver conversando sobre ogros com tanto entusiasmo. Você não tem medo?, Ela perguntou com as mãos na cintura.

Não mais, eu respondi com um sorriso inocente.

Mas minha alegria durou pouco. Nos dias seguintes, as outras crianças na minha rua começaram a rir de mim e me chamaram de amigo do ogro. Eles ouviram minha história e imediatamente assumiram que não havia nada pior do que ser amigo de uma criatura assustadora e repulsiva.

Eu tentei desviar de seus comentários, rindo com eles, mas por dentro, eu estava ferido. Eu sabia que meu ogro favorito não era mau - ele era apenas diferente. Mas não parecia haver palavras que pudessem mudar a opinião dos meus amigos.

Por semanas, evitei falar com o ogro ou voltar àquele lago. Eu me senti envergonhado e irritado comigo mesmo por ter deixado meu amor por ele ser afetado pelas opiniões desprezíveis dos outros. Mas então, algo aconteceu.

Eu estava na escola e uma das minhas amigas começou a falar mal do ogro de novo. Mas desta vez, algo dentro de mim mudou. Eu percebi que eu não queria mais ouvir comentários desrespeitosos sobre ele - e eu decidi fazer algo a respeito.

Eu escrevi uma carta para cada um dos meus amigos, explicando sobre o ogro e pedindo que eles deixassem de lado seus preconceitos e o conhecessem de verdade. Alguns ignoraram a carta completamente, mas outros responderam com palavras gentis e pedidos de desculpas pelo que haviam dito antes.

Eu também fui falar com o ogro naquele mesmo dia, pedindo desculpas por minha ausência e contando o que estava acontecendo com meus amigos. Ele me ouviu atentamente e, no final, deu um sorriso sincero.

Você não precisa pedir desculpas, disse ele, passando a mão em minha cabeça. Eu entendo. As pessoas têm medo do que não conhecem. Mas é por isso que precisamos mostrar a eles que nem todas as aparências são o que parecem.

Desde então, eu me tornei um ávido defensor do ogro e suas diferenças. Eu percebi que ser diferente não é uma coisa ruim - é apenas uma manifestação de nossa singularidade e personalidade. Eu aprendi a aceitar e abraçar tudo o que é diferente de mim, e a valorizar a amizade e a compreensão acima de tudo.

E quem sabe, talvez um dia você também possa encontrar seu próprio ogro favorito - e aprender uma valiosa lição sobre a vida e as pessoas.